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Medicina Indígena: da Magia à Cura

  • Foto do escritor: Shirley Duarte
    Shirley Duarte
  • 9 de abr. de 2015
  • 5 min de leitura

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Medicina nativa é um termo genérico que engloba as crenças e práticas curativas de todos os povos indígenas. Sua abordagem terapêutica combina fitoterapia, espiritualidade e magia no tratamento de uma ampla gama de doenças físicas e emocionais desde o resfriado comum à depressão

De maneira geral, entre os índios, nas mais diversas aldeias, o tratamento e a cura de doenças é feita pelos pajés, através de práticas mágicas. Segundo a crença dos indígenas, esses poderes podem ser usados para curar doenças como também para provocá-las, razão pela qual é comum atribuir a origem de doenças aos feitiços.

Hoje, a medicina indígena é usada como uma fonte primária de cuidados de saúde ou como tratamento paliativo à medicina convencional. O seu processo de cura é parte de um sistema rico e complexo de crenças, rituais e práticas, e que o uso de qualquer parte desse sistema fora do contexto tornaria ineficaz.

Os processos de cura variam entre os grupos indígenas. Os Xamãs, por exemplo, são uma categoria especial de médico-pajé, que podem entrar em êxtase. Nesse estado, segundo os índios, a alma vai para longe do corpo, percorrendo lugares distantes ou encarnando um espírito estranho.

Dentre os índios, o Xamã é o líder espiritual, o intermediário entre os homens e os espíritos, que, durante rituais de cura cheira um pó alucinógeno que, acreditam, "abre" a floresta para os "Xapori", entidades que auxiliam os Xamãs nos rituais de cura.

Os indígenas acreditam que todas as coisas na natureza estão conectadas. Eles também acreditam que cada ser humano e cada objeto tem uma presença correspondente no mundo espiritual e que os espíritos podem promover a saúde ou causar a doença. Normalmente, um curandeiro é usado como intermediário para o mundo espiritual. Às vezes, o curador também prescreve remédios de ervas para aliviar os sintomas de uma doença. Rituais de purificação podem ser utilizados para limpar o corpo. Outros rituais e cerimônias como "canto", oferecem oportunidades não só para a melhoria espiritual, mas também para a contemplação, crescimento pessoal, e fortalecimento dos laços com a comunidade. O tratamento também depende da comunidade se unir para ajudar o indivíduo doente, e muitas cerimônias de cura são realizadas em grupos, com os pacientes muitas vezes cercados a rezar ou cantar com os membros da família e amigos. Isto contrasta com o um-em-um.

Para que se entenda mais de medicina indígena, é preciso mergulhar um pouco em seus mitos e rituais, uma vez que toda a sua cultura influencia sua saúde e a forma como lidam com seus corpos.

Antes mesmo da chegada dos espanhóis, os índios já operavam catarata. Outras enfermidades graves eram curadas com recursos mágicos. A medicina dos indígenas é um milagre, uma magia.

Atualmente, a medicina indígena é um recurso para a cura de enfermidades graves, quando foram esgotados os recursos científicos, porque lida, principalmente, com a fé. As ervas usadas pelos pajés e xamãs, vêm sendo objeto de pesquisa científica e que já compõem vários dos remédios que vamos procurar em farmácias.

As causas diferentes da doença são sempre consideradas, incluindo ações passadas de uma pessoa, seu estado de espírito e emoções, e se eles estão dentro ou fora da sintonia com o mundo espiritual.

Se você tiver sintomas médicos ou uma condição médica existente, você deve consultar o seu médico de cuidados primários antes de ver um curandeiro.

O curandeiro (cujos poderes podem ser herdados de ancestrais, transmitidos de outro curador, ou desenvolvidos por meio de treinamento e iniciação) provavelmente vai levar o seu histórico médico, lhe vai perguntar sobre seus sintomas, discutir as possíveis causas de sua doença, e observar seus sinais não-verbais, incluindo postura, respiração, e tom de voz.

Os povos indígenas já conheciam mais de duas mil plantas medicinais e eram capazes de realizar operações e cuidar de fraturas ósseas. Tinham, ainda, técnicas mais avançadas de obstetrícia do que as da Europa.

As ervas e a fitoterapia (medicamentos preparados a base de plantas, através de chás, infusões) são recursos muito utilizados pela população local e pelos índios. Como exemplos desses produtos, pode-se citar:

  • Pó de Guaraná, usado como tônico estomáquico, estimulante, contra distúrbios gastro-intestinais, diarréias. Ativa as Funções cerebrais e combate a arteriosclerose, as nevralgias e as enxaquecas, detém as hemorragias atua como calmante para o coração.

  • Óleo de Copaíba, utilizado por suas propriedades medicinais, no combate aos catarros vesicais e pulmonares, desinterias, bronquites.

  • Óleo de Andiroba, potente cicatrizante, anti-inflamatório.

  • Casca de Açoita Cavalo, contém óleos essenciais que atuam frente as disenterias, hemorragias, artrite, reumatismo, tumores, colesterol e Hipertensão.

  • Catuaba, tônico energético usado no tratamento de cansaço físico e sexual, insônia, nervosismo, falta de memória. Possui, ainda, propriedades anti-sifilíticas.

  • Semente de Sucupira, energético, anti-sifilítico, contém alcalóides empregados no tratamento de febres, reumatismo, artrite, inflamações, dermatoses.

  • Casca de Barmitão, potente anti-hemorrágico, anti-inflamatório.

  • Casca de Murapuama, tônico neuro-muscular, afrodisíaco, utilizado contra fraquezas, gripes, impotência, reumatismocrônico, etc.

  • Saracura-mirá, energético, usado no tratamento de cansaço físico, sexual, insônia, nervosismo, falta de memória.

  • Casca de Assacu, usado no combate às inflamações em geral, ulcerações, tumores.

  • Semente de Cumaru, propriedades medicinais que atuam reconstituindo as forcas orgânicas debilitadas, como tônico cardíaco.

  • Casca de Caroba, contém uma resina denominada "Carobona", além de seu princípio ativo, o alcalóide "Carobina". É diaforéticas (Cascas) e anti Sifilíticas (Folhas), debela feridas e elimina inflamações da garganta, afecções da pele, coriza, blenorragia, dores reumáticas e musculares, cálculos da bexiga.

  • Casca de Moruré, alivia as dores reumáticas, artríticas e da coluna verbal, estimulante do sistema nervoso e muscular.

  • Amêndoa do Açaizeiro, fornece um óleo verde-escuro bastante utilizado na medicina caseira, principalmente como anti-diarréico. O seu suco, de sabor exótico, possui grande valor nutritivo e contém altas concentrações de ferro, sendo bastante usado no combate à anemia.

Além de todos os produtos acima citados, a região norte do Brasil apresenta, ainda, outros derivados de plantas, como o Daime. De origem indígena, apresenta propriedades calmantes. O Daime dá origem a uma seita chamada de "Santo Daime". O chá é chamado Ayuwasca, obtido da mistura do cipó jagube e da folhas da planta chacrona. Há várias comunidades na Amazônia que cultuam o Santo Daime, reverenciando a mata, a floresta, Deus e a alegria. As letras de seus hinos têm inspiração ecológica.

Das 10 ervas mais vendidas, sete delas têm sido usadas ​​há séculos por curandeiros. As ervas prescritas variam de tribo para tribo e dependem da doença e de como as ervas estão disponíveis em uma determinada área.

Existem ainda, os rituais de cura e cerimônias simbólicas.Estas cerimônias variam, dependendo da tribo. Por exemplo, a Lakota e Dineh (Navajo) usa a roda da medicina, o arco sagrado, e o "cantar", que é uma cerimônia de cura em comunidade que dura de dois a nove dias e é guiado por um especialista altamente qualificado chamado de cantor.

As atuais crenças do sistema de saúde dos Índios Plains reflete uma mistura de tradições indígenas e práticas médicas modernas. Tradições e ritos, além de conhecimentos da medicina das ervas estão presentes. No estado americano de South Dakota, há o Hospital Traig Ht Clinic que é de medicina indígena. Há círculos de medicina, onde os mais velhos transmitem experiências e conhecimentos aos mais jovens. Usa-se um cachimbo e há inscrições como: "Tabaco. Ele nunca 'significou' para ser abusado".


 
 
 

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